Gabriela Picolo
12 de ago de 20192 min
Olhos abertos
Botão estourado
Quase nua
Desorientada
Mordida
Machucada
Lugar seguro
objetivo só comemorar
agora, a marca de despedida
do limite do não.
Ao entender, muitas dúvidas e uma certeza:
A culpa é minha eles dirão!
Dedos e olhos alheios invasivos
em julgamento
No corpo
as marcas e o asco presente reiteram a real intenção.
As águas do chuveiro não lavam.
O nojo que entra pelo cheiro inspirado e
o gosto sentido no amargor da boca
a água não leva.
Em posição fetal sob as cobertas no choro também não.
A memória apaga pra não lembrar da dor
guardado a 7 chaves por que
a faca que invade é no fundo do coração
No deles:
- A culpa é sua! Eles dirão
Avivando a memória o relato vem
palavras infantis e doces
descrevendo a violência
Minimizando
Naturalizado
Culpando
No dia seguinte o desespero
da exposição,
da culpa...
Os próprios olhos, a pouco cegos,
agora tentavam assumir as rédeas de quem não tinha chão.
- A culpa é sua! Eles dirão
Na decisão do momento
Qualquer doença ou dor física é melhor que o fruto dessa invasão
Poe-se a vida em risco se preciso for.
- Já aconteceu comigo! Elas disseram
No hospital a bronca
Reitero a decisão
Melhor morrer do que perdurar o fruto de uma agressão.
- É normal! Eles disseram
Se sustentando na fé
Com o desespero
a promessa:
É pra nunca mais!
E ao longo da vida ao se cumprir a própria palavra eles perguntaram:
- Pra sempre não é muito tempo!?
O 'pra sempre' é o patuá, é a proteção!
Cada qual sabe de suas intimidades
A memória deixa a cicatriz de defesa,
o que não se deve esquecer pra seguir adiante.
O que fica de lição?
Não importa o que outros dirão
Dentro de ti sabes a real intenção
Hoje brindo e celebro o viver
o amor, a sutileza, o respeito...
e o contrário disso
eles nunca imporão!